Abrigo
Na escuridão do quarto que a abriga
Seu corpo se encolhe
Perdendo a vida
Olhos fechados umedecidos
Pelas lágrimas escorridas
Amargura a alma pena
Desfigura nessa cena
Sonhos que no breu se fariam
Desmanchados se espalham
Povoam quarto e mente
Machucando a quem sente
Emudecida se volta pro ventre
Esperança que não lhe pertence
De gritar, se fazer ouvir
E mesmo que tente
Sabe bem ninguém a sente
Guarda o grito
Esconde o rosto
No úmido travesseiro
Dela só se ouve
Um tênue soluço
Que balança seu corpo
Revelando não estar morto
E enquanto a escuridão se desfaz
O cansaço a domina
Dorme feito menina
Até que a teu corpo toque
A luz de outro dia
Levando-a desfeita
E enquanto ela se enfeita
Para a dança de outra vida
Vida que representa pra agradar
E assim não a façam chorar
Enquanto a luz não se apagar