OVERDOSE DE PROZAC
A gente olha para os filhos.
Todos crescidos. Barba por fazer.
Pernas por depilar. Musculações.
São nossas vidas recomeçadas.
Os netos,que deveriam ter olhos
iguais aos nossos, não têm.
São holografias do presente fugidio.
Projetadas em telas sem censura.
A gente olha para trás e vê sombras.
Guerras, convulsões sociais, extermínios.
Nada que louve, de fato, aquele viver.
Quem sabe alguma alegria passageira!
Algum momento definitivo?
Uma overdose de prozac!
Na maturidade, os sentidos da alma
se aguçam e vemos o que o jovem não vê.
O passado fica cada vez mais longo.
O presente, estagnado no tempo.
O futuro. Ah! o futuro fica curto demais.
Da conta.