Nas sombras

Nas sombras vagueia

Torpe pela dor

Que teu peito rasga

E o chão cinge

Com vermelho sangue

Que verte feito cachoeira

E bravio fere o corpo

Cuja matéria jaz morta

No sepulcro das almas

Esgueira-se entre os muros

Que a separam

Do real e o imaginário

Da felicidade de momento

Dos dias de tormento

Arrasta-se pelo chão

Derrubada pelas mãos

De com quem deitou-se confiante

Desse receber

Aconchego e alegria

Mas quase nada ela sabia

E aos poucos viu nascer

Outra ferida

Outra marca em sua vida

Tentou gritar

Fazer-se notar

Eram ensurdecidos

Pelo desejo de não a escutar

Tentou sensibilizar

Fazer-se cuidar

Eram imunes

Sentimentos petrificados

Nada à ela seria dado

E arrastando-se viu nascer o dia

Sem sair da agonia

As mãos frias

Face sem vida

Ergue o corpo fatigado

Apoia-se na realidade

Maquiagem feita

Abre a porta

Sorriso nos lábios pintado

E mesmo com o coração quebrado

Peito inundado

Morta

Espectro de alma partida

Segue de pé pela vida

Gabriela S V
Enviado por Gabriela S V em 08/08/2022
Reeditado em 08/08/2022
Código do texto: T7577558
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