DNA SERTANEJO

Não se engane, meu senhor,

Com meu jeito singular,

Desde o vesti’ ao falar.

Porque todo meu valor

Não tem cheiro nem tem cor,

Mas tem fibra da jurema,

O canto da seriema,

As varas de uma tapera,

O toucinho que tempera

O cozer desse poema.

Trago no meu DNA

A garra do sertanejo,

Que olhando vovô eu vejo

Quem eu devo me espelhar

E qual caminho trilhar.

Nas veredas dessa vida

Irei de cabeça erguida,

Com todo meu coração

Declamando meu sertão

E minha gente sofrida.

Sei que sou só um poeta

Com alma de sonhador,

Que a bandeira é o amor

Trepidando tão discreta,

E tudo isso me completa.

Pois aceito essa missão

De dar voz ao meu sertão,

Com roça de poesia

Fulorando todo dia

Nas terras do coração.

Eu tenho uma identidade

Forjada no resistir,

No fogo do dividir,

Temperada na bondade,

Onde o riso é de verdade.

E o respeito é soberano,

Mesmo num mundo tirano,

Eu me entrego parte a parte,

Porque sei que sem a arte

Eu não seria esse humano.

Lino Sapo
Enviado por Lino Sapo em 07/08/2022
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