DNA SERTANEJO
Não se engane, meu senhor,
Com meu jeito singular,
Desde o vesti’ ao falar.
Porque todo meu valor
Não tem cheiro nem tem cor,
Mas tem fibra da jurema,
O canto da seriema,
As varas de uma tapera,
O toucinho que tempera
O cozer desse poema.
Trago no meu DNA
A garra do sertanejo,
Que olhando vovô eu vejo
Quem eu devo me espelhar
E qual caminho trilhar.
Nas veredas dessa vida
Irei de cabeça erguida,
Com todo meu coração
Declamando meu sertão
E minha gente sofrida.
Sei que sou só um poeta
Com alma de sonhador,
Que a bandeira é o amor
Trepidando tão discreta,
E tudo isso me completa.
Pois aceito essa missão
De dar voz ao meu sertão,
Com roça de poesia
Fulorando todo dia
Nas terras do coração.
Eu tenho uma identidade
Forjada no resistir,
No fogo do dividir,
Temperada na bondade,
Onde o riso é de verdade.
E o respeito é soberano,
Mesmo num mundo tirano,
Eu me entrego parte a parte,
Porque sei que sem a arte
Eu não seria esse humano.