CARTA À SAUDADE
Cara saudade,
ainda não quero
saudar-lhe.
Não chegou a hora
do encontro,
minhas lágrimas
emprestam
recusas à sua presença.
Quem sabe mais à frente,
quando se esgotarem os estoques de ilusão.
O que preciso agora
é de sua ausência,
nem proclamas ou anunciações,
apenas rogo pela sua paciência,
a sabedoria
de vir
quando sua substância
melhor preencher
o coração.
Enquanto isso,
vivo com o que tenho,
com o que me é possível sonhar.
O desejo da posse suave,
na mansidão do corpo
dela;
a ânsia do beijo iminente,
e ainda ausente;
o abraço
apertado,
ora apartado
dos meus braços;
o olhar inquieto,
avesso às lonjuras
das distâncias.
Mesmo sem a correspondência,
a esperança
é a estafeta
dos sonhadores,
ou quando nada,
o adiamento
da indesejada partida.
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