CARTA À SAUDADE

Cara saudade,

ainda não quero

saudar-lhe.

Não chegou a hora

do encontro,

minhas lágrimas

emprestam

recusas à sua presença.

Quem sabe mais à frente,

quando se esgotarem os estoques de ilusão.

O que preciso agora

é de sua ausência,

nem proclamas ou anunciações,

apenas rogo pela sua paciência,

a sabedoria

de vir

quando sua substância

melhor preencher

o coração.

Enquanto isso,

vivo com o que tenho,

com o que me é possível sonhar.

O desejo da posse suave,

na mansidão do corpo

dela;

a ânsia do beijo iminente,

e ainda ausente;

o abraço

apertado,

ora apartado

dos meus braços;

o olhar inquieto,

avesso às lonjuras

das distâncias.

Mesmo sem a correspondência,

a esperança

é a estafeta

dos sonhadores,

ou quando nada,

o adiamento

da indesejada partida.

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 07/08/2022
Código do texto: T7577056
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