NATUREZA E AXÉ

NATUREZA E AXÉ

 

Quando me vi no alto da torre,

Já não lembrava porque lá subi,

Nem quem viveu e agora morre,

Por ser um negro ou índio tupi.

 

Tinha um lugar sobre a pedra,

E de lá espiava meu retrovisor,

Pra ver o lado oculto da serra,

Ou também olhar passar o andor.

 

Lá pelos morros de vela e santo,

Deixei ebós com pedidos de fé,

Mas também vi a sombra do manto,

Quando o orixá me cobriu de axé.

 

Aproveitei pra limpar o remanso,

E recolher todo lixo que achei,

Se a natureza me faz mais manso,

E ela sabe bem mais do que sei.

 

De lá eu vejo até o arco-íris,

Além da chuva e cada relâmpago,

E as cascatas me curam as crises,

Se minha loucura é de pirilampo.

 

E assim eu vi o galo e o grilo,

Quando o saci visitou caipora,

E eu acordava ao som estrídulo,

Ou madrugava sem ver cada hora.

 

Enquanto isso Ogum já caçava,

E Oxóssi chamava Logun também,

Porque Oxum não estava em casa,

E até Oyá foi ventar no além.

 

Ter ancestral é viver o tempo,

Mas Tempo é giro na eternidade,

Pois Oxalá vê o tempo e o vento,

Mas preza a paz e a fraternidade.

 

Por isso Ogum se enfiou na terra,

Arrependido de enfrentar seu povo,

Foi sem aviso e assim se encerra,

Sendo o orixá do ferro no fogo.

 

O homem é isso, fogo e procura,

Porque nunca sabe todas respostas,

Mesmo a querer saber se há cura,

Ou diga a todos: É fim da aposta!