QUINTAIS DE SEMPRE

Autor Múcio Ataide - mucioataide.blogspot.com

Assim como Manoel

Eu também vasculho os quintais

Os meus quintais.

Os quintais de sempre

Cato os tesouros por lá deixados.

De short, de chinelas havaianas

Tento eu refazer o caminho

Ser o menino sem destino

Cavando tesouros do chão.

Da terra fofa, vermelha.

Me sujando todo

Me penduro nos cipós da mata do Tarzan

Voo sem asas e sem nenhum mecanismo

Giro uma lata vazia de goiabada nas mãos

É o volante do meu fusquinha

Faço da tampa da caneta uma nave espacial

E de um objeto quadrado qualquer o manche

Ainda vejo os aviões passarem baixinho por aqui.

Faz de conta que ainda tem pé de manga.

Faz de conta que o cachorro ainda está lá

Ainda sinto o sabor da jabuticaba

E as vezes espeto o dedo no “manacaru”

Vejo minha mãe cantando lá da cozinha

Enquanto lava os pratos.

Meu pai ainda faz meus brinquedos agachado a um canto.

Oh quantos castelos tenho por aqui!

Um sitio encantado, um reino lá de muito longe

Bruxos e fadas, heróis e vilões.

Tesouros, tesouros tesouros...

Quanta vida esondida brota nas terras desses quintais!

Não, o tempo não levou

Não carregou aquele menino.

Ele ainda está por lá

E brinca de viver e sonha

E canta, e faz estripulias.

Mas hoje por tudo isso

Para manter tudo isso.

Faz a melhor de todas as brincadeiras

Para melhor sentir e melhor ver

Para ser eternamente criança

E abraçar em plenitude o viver.

Ele LÊ.