UM SOM SURDO E GORDO
Eu não consegui encontrar as chaves das algemas.
Elas poderiam me libertar
de meus pensamentos mais insanos.
Por mais profanas que fossem e
por mais humanas que não fossem,
as alegorias desfilavam à minha frente
sem rainhas de baterias, sem destaques
e sem aplausos.
Havia só um som surdo e gordo.
Mestre sala e porta-bandeiras do tempo,
equilibravam-se no escorregadio asfalto
levando reminiscências à apoteose.
Minha carta de alforria ia se dispersando
no final da avenida.
Não sei de notas. Nem de escolas.
Sei que vivo a procurar chaves.