À MEIA LUZ

A noite,

carcereira da luz,

trazia em seus cadeados

o segredo revelado

na face da penumbra.

Na clausura

dos olhos,

sua presença veio

devolver-me algum lume

de encantamento.

Negras eram suas pupilas

de uma beleza

densa,

imiscuída na tez do breu.

Os cabelos, a moldura

macia,

tapete suave

sobre o qual

meus dedos

invisíveis desfilavam

carícias.

Negrores exalavam

nas pétalas escuras

o perfume do teu rosto,

descortinavam

sensações,

desejos

nas formas

entreabertas

do véu embuçado

pela contraluz.

E na escuridão

silenciosa,

ofereceu-se

aos meus

olhos,

com o alcochoado

dos lábios,

na côncava boca,

embocadura

a guardar

uma réstia

de luz

a alumiar,

um coração

ávido

para se perder

nos labirintos

do teu corpo,

à meia luz.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 26/07/2022
Reeditado em 26/07/2022
Código do texto: T7567944
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