VIAJEM NO TEMPO

Procuro os bilhetes.

Nada nos bolsos.

Nada na bolsa.

Ok. Viajo de gaiato.

Descascar batatas eu sei.

Varrer do chão poeiras mortas

eu aprendo.

Lavar o convés da vida,

sem problema.

A clandestinidade faz de mim

um rato.

Mas, que seja!

E me enxergo pequenino,

rabiscando garatujas.

Depois, na rua de chão

batido, estilingue e

a guerra de mamonas.

Assassinas são as horas,

que matam os dias...

Mais tarde, na escola,

degustando sabedorias e

cabulando aulas.

Cabulosos momentos...

Mais adiante, os infindáveis

tantos e tantos anos

aposentando paciências.

Perdidos os pais...

ganhados os netos...

Empatado na sorte.

Na viagem de volta,

fugindo da morte,

denuncio um tal tempo

e suas mazelas, sem vê-las.

Se me permitirem

alguma sobrevida,

estarei no relento

curtindo estrelas.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 25/07/2022
Código do texto: T7567311
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