VIAJEM NO TEMPO
Procuro os bilhetes.
Nada nos bolsos.
Nada na bolsa.
Ok. Viajo de gaiato.
Descascar batatas eu sei.
Varrer do chão poeiras mortas
eu aprendo.
Lavar o convés da vida,
sem problema.
A clandestinidade faz de mim
um rato.
Mas, que seja!
E me enxergo pequenino,
rabiscando garatujas.
Depois, na rua de chão
batido, estilingue e
a guerra de mamonas.
Assassinas são as horas,
que matam os dias...
Mais tarde, na escola,
degustando sabedorias e
cabulando aulas.
Cabulosos momentos...
Mais adiante, os infindáveis
tantos e tantos anos
aposentando paciências.
Perdidos os pais...
ganhados os netos...
Empatado na sorte.
Na viagem de volta,
fugindo da morte,
denuncio um tal tempo
e suas mazelas, sem vê-las.
Se me permitirem
alguma sobrevida,
estarei no relento
curtindo estrelas.