DISTÂNCIA

Meu olhar sem retina, boca desdentada

neste conto sem fada, música sem nota,

galhos nus esperando pela primavera,

uma gota sonhando ser o mar aberto...

Sou tomada inativa na parede velha,

borboleta no asfalto; garça no metrô;

cigana sem tarô, sou manequim despido

na vidraça da loja que foi à falência...

Navio na Saara, rosa no granito,

grito que se acoberta no lençol da noite,

quando nenhum ouvido fica de plantão...

És o sol da manhã que nunca mais nasceu,

meu sapato na moda quando falta o pé,

minha fé sem um credo que rabisque um deus...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 28/11/2007
Código do texto: T756717
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