VERSOS DE TEMPO E VENTO

VERSOS DE TEMPO E VENTO

 

Sentir os ecos do vento,

Enquanto as folhas caem,

É como ver secar cimento,

No solo em que nada sai.

 

Perguntam sobre as enchentes,

E esquecem que há lamaçais,

E os dutos de águas correntes,

Que entopem no lixo que esvai.

 

Agora, até o vento é embalado,

Como sonhos do arroto bovino,

Desde quando o mal tá do lado,

De quem pensa ser só desatino.

 

Quando digo que prestem atenção,

Falo por já ter visto o filme,

Muito antes de haver secessão.

Como vimos nas bandas de Steve.

 

Lá em cima o pato era Donald,

E os pobres louvavam a Mickey,

Mas o tempo já não é de bonde,

Nem o mar vive de Mobi Dick.

 

Defecamos, e lá fora o penico,

Ao lembrar o odor de Versailles,

E o fervor já não é ecumênico,

Se teimamos viver só de bailes.

 

Não perguntem sobre felicidade,

Pois perdemos na briga a moral,

E o olho só vê suas verdades,

Desde que não há mais normal.

 

Todos querem heranças bandidas,

Como aquelas de quem só roubou,

E eu pergunto: será essa vida,

Que Jesus lá na cruz reclamou?

 

Como antes, hoje há mal manifesto,

E bem mais, quando é vão estudar,

Ignorando o que é tido por certo,

Como a vida nos quer ofertar.

 

Hoje os homens defendem a guerra,

E torturam quem se por no caminho,

Matam Dom, Bruno e Chico por terra,

Mas não sabem cuidar de um ninho.

 

Esses homens, versados em Hades,

Só reconhecem Caronte e Cérbero,

Pois só andam em papos com Ares,

A agir sem usar os seus cérebros.

 

Só constroem castelos de vento,

Com as pegadas marcadas na areia,

Esquecendo que os versos do tempo,

Não perdoam se canta a sereia.