Becos dos Poetas

 

Meus olhos estavam cerrados no sono

Entre cores, papéis, emoções e anéis.

A minha boca selava no silêncio,

Mas em meio a tudo isso

Bebi e comi do meu sonho.

 

Do sonho um poema nascia,

Do sono eu acordava e sentia.

Era mais forte do que o lápis,

Do que as teclas do computador.

Tudo saia grande, forte em total harmonia.

Eu despertava, falava e depois dormia.

 

Meu espírito por certo saiu pelas ruas

Na madrugada fria,

Na madrugada linha,

Na madrugada teia

Com sede da poesia que nos bares permeiam. 

 

Os becos dos poetas imortais, mortais

A tocar,

A trocar,

A trovar versos fartos eu via.

 

Por entre os espíritos líricos

Prosas encantadas eu tecia.

Sonho a se projetar em imagens e escritos

Desejo de criar e dentro do sonho poesia sentia.

 

Os lábios se moviam e as frases eu percebia;

Saíam profundas e ternas todas o ouvido concebia.

Quando acordei pela manhã o poema não existia.

Levantei febril a suar palavras frouxas

Que quiseram sair dos sonhos a salivar a boca.