INCONCLUSOS

Calmamente

a manhã avança

sobre as profundezas

oníricas.

Recolhe sonos inacabados,

os conserva em alguma gaveta do amanhã.

Emerge o dia

em meio à ansiedade da noite,

azáfama dos sonhadores.

Eles revelam seus desejos para Morfeu,

e suas angústias

para as vigílias

e os vigias

das madrugadas.

Sol e lua,

trocando segredos,

testemunhas

de um confessionário

maior,

nas margens dos leitos,

dos desvarios,

do leito dos rios,

onde homens mergulham

à procura das esperanças

encharcadas de medo.

E assim o mundo

vai se reconstruindo

com os sonhos

dos seus viventes,

teatro onde a vida encena

uma peça invisível.

Protagonistas ou não,

pouco importa,

todos são personagens,

náufragos de seus enredos

no oceano que repousa

com seus travesseiros,

e com as travessias, também.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 21/07/2022
Código do texto: T7564344
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