SE FOI

Soube dos tempos da vida,

de uma alegria guardada

em alguma saudável loucura,

um átimo de eternidade

no átomo da insanidade,

como num beijo arrancado

na penumbra

desavisada da mulher.

Os homens bebiam-se

em etílicas doses

de coragem,

para se embriagarem

na mesma carraspana

das ilusões.

Que mal havia!?

Tudo era inatingivelmente

possível de se sonhar,

e passível de se amar.

A espera era

o conta-gotas

da esperança.

E se entorpeciam

de amores vãos,

apenas vinham,

apenas vão,

como as monções

avassaladoras,

que cumprem o ritual

das inundações

para depois

se abandonarem

na aridez das desilusões.

Soube desse tempo,

quis vivê-lo,

mas não me despojei dos medos,

de tudo mais

que o acumpliciava.

Fiquei apenas

no vazio,

arrependimento

tardio.

E o tempo, desolado,

foi embora.

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 16/07/2022
Código do texto: T7560612
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