SE FOI
Soube dos tempos da vida,
de uma alegria guardada
em alguma saudável loucura,
um átimo de eternidade
no átomo da insanidade,
como num beijo arrancado
na penumbra
desavisada da mulher.
Os homens bebiam-se
em etílicas doses
de coragem,
para se embriagarem
na mesma carraspana
das ilusões.
Que mal havia!?
Tudo era inatingivelmente
possível de se sonhar,
e passível de se amar.
A espera era
o conta-gotas
da esperança.
E se entorpeciam
de amores vãos,
apenas vinham,
apenas vão,
como as monções
avassaladoras,
que cumprem o ritual
das inundações
para depois
se abandonarem
na aridez das desilusões.
Soube desse tempo,
quis vivê-lo,
mas não me despojei dos medos,
de tudo mais
que o acumpliciava.
Fiquei apenas
no vazio,
arrependimento
tardio.
E o tempo, desolado,
foi embora.
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