SONHAR VAGABUNDO
Naquele
espaço do nada,
o universo
se curvava,
às coisas
do vazio.
Pensamento
se perdia
lentamente
nas curvas
do erradio.
A madrugada
arrastava-se
na pachorra das horas,
sem os meus "agoras",
apenas com o seu
arresto.
A inércia era a maestrina
do tempo.
Ouvia-se ao fundo, invisível,
o som de uma nota só,
na atmosfera baldia
de pura prostração,
homem e harmonia,
solitários,
instrumentos
da mesma solidão.
O sol, a lua
na conjunção
de um só corpo
celeste,
sem leste,
ou norte...
sem direção,
na conjugação
do verbo dormir,
ou qualquer
não movimento
que o vento
soprasse por aí.
Era a existência
fazendo-se não existir,
apenas sendo
o que nao há,
sem causa,
uma pausa,
no caminho do não ir,
para não despertar.
A noite,
uma estrela,
centelha,
alumiando-se
no meu leito.
No infinito
e estático
momento
tudo parecia ser
único,
monumento
tão tácito,
onde sempre deveria
ser desse jeito,
na minha cama,
na minha calma,
eis que surge
sonolenta alma
insurgente,
desse mundo
se renega,
urgente,
profunda,
e fecunda
e, então,
se afunda
e se entrega
ao meu sonhar
vagabundo.
https://www.facebook.com/leonardo.goncalves.52493