SONHAR VAGABUNDO

Naquele

espaço do nada,

o universo

se curvava,

às coisas

do vazio.

Pensamento

se perdia

lentamente

nas curvas

do erradio.

A madrugada

arrastava-se

na pachorra das horas,

sem os meus "agoras",

apenas com o seu

arresto.

A inércia era a maestrina

do tempo.

Ouvia-se ao fundo, invisível,

o som de uma nota só,

na atmosfera baldia

de pura prostração,

homem e harmonia,

solitários,

instrumentos

da mesma solidão.

O sol, a lua

na conjunção

de um só corpo

celeste,

sem leste,

ou norte...

sem direção,

na conjugação

do verbo dormir,

ou qualquer

não movimento

que o vento

soprasse por aí.

Era a existência

fazendo-se não existir,

apenas sendo

o que nao há,

sem causa,

uma pausa,

no caminho do não ir,

para não despertar.

A noite,

uma estrela,

centelha,

alumiando-se

no meu leito.

No infinito

e estático

momento

tudo parecia ser

único,

monumento

tão tácito,

onde sempre deveria

ser desse jeito,

na minha cama,

na minha calma,

eis que surge

sonolenta alma

insurgente,

desse mundo

se renega,

urgente,

profunda,

e fecunda

e, então,

se afunda

e se entrega

ao meu sonhar

vagabundo.

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 09/07/2022
Código do texto: T7555855
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