GÊNIO SE DESREGRA
GÊNIO SE DESREGRA
As espécies querem sobrevida,
E por isso copulam sem lei,
Pois não há imortal nessa briga,
Do rochedo e o mar, que eu sei.
Tudo acaba bem diante do eterno,
E o resumo é sem rocha e sem mar,
Pois se um fragmenta seu terno,
Cada mar muda bem devagar.
Mas entre criaturas terrestres,
Quem será com vontade de ser?
São os homens de sonhos celestes,
Que valoram fazer, mas não crê.
Como posso falar sobre um gênio,
Se ser ele nos demanda entender,
E nem eu, sendo chama e incêndio,
Saberei o que nem vão aprender.
Todo gênio é o resumo de histórias,
Declamadas por mais de mil gerações,
Que afloram nem sempre com glórias,
Cercando ilhas, como os tubarões.
Mas enquanto pescar cartilagens,
Todo gênio imagina os confrontos,
E haverão de nadar pelas margens,
Se no mergulho terá desencontros.
Ao mesmo tempo do agir imprevisto,
Todo gênio se desregra em paródias,
E não achem que se oponha ao risco,
Pois os gênios vivem nas rapsódias.
Ninguém acha um gênio na lâmpada,
Pois nem mesmo ele sabe o que é,
Se alguém que não nasce no samba,
Só é bamba com brasas no pé.