OS SONHOS POR TRÁS DO TROVÃO

OS SONHOS POR TRÁS DO TROVÃO

 

Nas noites de chuva inclemente,

As nuvens se chocam e choram,

E rasgam com luz, entrementes,

Ligando os sonhos que imploram.

 

Os sonhos virão como aviões,

Que decolam sem um aeroporto,

Ou canções que vêm das emoções,

Que transbordam em mar absorto.

 

Os trovões aceleram o mundo,

Em descargas sonoras de luz,

E refazem no chão moribundo,

Essências que a nuvem produz.

 

Ao querer se viver no futuro,

Vêm sonhos por trás do trovão,

Pois, olhando o passado obscuro,

Tudo cobra por nova estação.

 

E um trovão fertiliza o solo,

Dando vida ao que se planta,

Mas não dá carinho, nem colo,

Quando o amor já não encanta.

 

É preciso amar sem promessas,

Pois amor não requer só carinho,

Mas doar quando a dor atravessa,

E cuidar do valor do seu ninho.

 

Por isso, olhei os raios no céu,

Sabendo que ia ouvir suas vozes,

Ao ter o trovão por emblema e véu,

Como o deleite de frutas e nozes.

 

Mas se quer testar a força divina,

Levante seu dedo acima das nuvens,

E abra as comportas sobre a ravina,

Para o trovão mostrar porque ruge.

 

Reflita sobre o poder de um raio,

E veja porque Zeus tem essa arma,

Pois lá o trovão é o seu lacaio,

Armado da força que forja a alma.