PROFUNDEZA
Eis que se punha
a cavar
na escura
e nua noite,
seu açoite,
e sepultura.
Em cada rasgo de pá,
arrancada página,
do tempo
que se fez pátina,
intento
de se buscar a calma,
emboscar o fantasma
na escuridão
dentro da cova
cheia de solidão.
Mas o que seria,
do movimento,
suposta solução,
virou agonia,
soluço,
suplício,
bulício
de sofrimento.
Quanto mais sangrava
a terra inocente,
o que mais singrava alí,
era um clamor urgente,
do oceano à sua frente,
enganoso apanágio
de evitar o naufrágio
no leito
tão opaco
que jazia
pois
não sabia
que o buraco
fora cavado dentro de si.
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