PROFUNDEZA

Eis que se punha

a cavar

na escura

e nua noite,

seu açoite,

e sepultura.

Em cada rasgo de pá,

arrancada página,

do tempo

que se fez pátina,

intento

de se buscar a calma,

emboscar o fantasma

na escuridão

dentro da cova

cheia de solidão.

Mas o que seria,

do movimento,

suposta solução,

virou agonia,

soluço,

suplício,

bulício

de sofrimento.

Quanto mais sangrava

a terra inocente,

o que mais singrava alí,

era um clamor urgente,

do oceano à sua frente,

enganoso apanágio

de evitar o naufrágio

no leito

tão opaco

que jazia

pois

não sabia

que o buraco

fora cavado dentro de si.

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 26/06/2022
Código do texto: T7546454
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