QUANDO NÃO ENXERGO
QUANDO NÃO ENXERGO
Quando nos deixamos seduzir,
Será por verdade ou mentiras,
Mas os filtros vão definir,
Qual seu lado em Tordesilhas.
Deverá ser bom de escolhas,
Pois o tempo não lhe pertence,
Como ele se mostra nas folhas,
Ou desde que a ruga convence.
Alguém já me disse o que quer,
Mas captei o que me apazigua,
Pois o resto é um malmequer,
Que apraz a quem quer briga.
Eu prefiro pedidos sem jeito,
Do que as ordens dos tiranos,
Pois essas escondem defeitos,
Como os atos de reis insanos.
Nossa vida é parte do mundo,
Pois aqui tudo é feito da luz,
E se a vida é mistério profundo,
É do jeito que Deus se traduz.
Por isso eu tenho a visão,
Mesmo quando não enxergo,
Pois as traves dão ilusão,
Quando leio só um caderno.
Temos essas versões de se ver,
Como as sombras que assombram,
Que Platão veio nos oferecer,
Onde os magos não encontram.
Só por isso revejo a história,
Mesmo quando a verdade é falsa,
Se é preciso valer da memória,
Ao buscar qual rio quer balsa.
Onde a morte resguarda meu ser,
Não viverei nem mais eu mesmo,
Quando a vida se deixou vencer,
Qual Leônidas no Peloponeso.
Então, jogo meu corpo a descer,
Pelas águas de cada encosta,
E me acho em cada amanhecer,
Pois a vida é jogo de aposta.