CRUZAR RUBICÕES
CRUZAR RUBICÕES
Assim como Cesar foi à Gália,
E viu que Roma beirava o caos,
Eu vi o Estado cair numa vala,
Sendo preciso extirpar o mal.
Enquanto as centúrias lutavam,
E Cesar ganhava suas batalhas,
Os corvos, no reino, roubavam,
Tudo e bem mais do que valha.
E assim, chegamos a um momento,
Onde é preciso um salvo conduto,
Ao cruzar rubicões de lamentos,
Para que não vivamos de luto.
Então, vamos avançar nesse rio,
Senão, nossa Roma se esvai,
Com ladrões no maior desvario,
Mas é agora que a súcia cai!
Não adianta apego ao passado,
E se foram velhos testamentos,
Pois não basta estar ajoelhado,
Desde quando Jesus é alimento.
Só não posso misturar de tudo,
Como a água do óleo se separa,
Porque fé deixa o Estado mudo,
Desde quando se exulta na fala.
E quem crê se veste a seu gosto,
Pois não importa cara ou cultura,
E não se espera que more conosco,
Se o que vale é a nossa postura.
Não adianta a farda ou o terno,
Se num cargo faltar hombridade,
Mas é preciso ter lei e caderno,
E não sadismo, ladrão e maldade.
Esse Estado é laico e nos salva,
Das tragédias e rotinas da vida,
Isso enquanto a alma se acalma,
Ao orar sem lembrar da fadiga.
Como a fé é o algoz do medo,
É preciso entender de escuro,
Pois no claro se vai o segredo,
Mas, pro cego, é tudo obscuro.
Quando um lado apazigua o seio,
O outro sempre flerta a procela,
Pois ter fé é crer nos anseios,
Mas também aceitar as querelas.