A ODISSÉIA DE HALLEY
A ODISSÉIA DE HALLEY
Falamos tanto do cometa Halley,
De tantas vezes que ele passou,
Pois viram as eras que valem,
E até nos diz o que arrastou.
Desde o momento que observamos,
E há mais sóis por companhia,
O nosso olhar vai procurando,
De onde vem cada estrela guia.
Foi desse jeito que narram Buda,
Em simetria com Jesus Cristo,
Pois o cometa foi visto sem lupa,
Nos cruzeiros do eterno ofício.
Mas nesse plano dimensional,
Eu sei que nada é tão eterno,
Pois o escuro tem luz marginal,
Quando a noite rasga o caderno.
E chegará novo ciclo sempre,
Pois esse é o segredo divino,
Onde Deus só cozinha ao dente,
Ao mudar sem dizer o destino.
E quem acha que sabe o caminho,
É mais tolo do que o sonhador,
Pois no frio o vento é sozinho,
Mas é fúria se abraça o calor.
Desse choque vêm os furacões,
E as águas do mar vão ao céu,
Só não calam as loucas versões,
Dos poemas de algum menestrel.
Mesmo assim são águas precisas,
Que se aquietam em doces serenos,
Ou afagam as flores mais lisas,
Se as toscas resguardam venenos.
Como a vida padece dos saltos,
Halley viu o apogeu da pangéia,
Mas também foi o rastro no alto,
Quando Homero narrou a odisséia.