SILENCIOSA

No início

era toda a palavra,

ruidosa garganta,

sôfrega,

lancinando a

tímida mudez.

Habitavam-me

os verbos.

Eram tantos,

e se conjugavam

num bulício

desordenado

de coisas vãs

e desejos amorfos.

Iam preenchendo-me

de vazios,

migalhas

que caiam

no turbilhão

de vozes,

às vezes

roucas,

desnudas

e loucas,

sem roupas

com a nudez

do nada,

despida,

despedida ...

despedaçada.

Aí você veio,

trouxe consigo

o silêncio

da alma,

algemou-me

na paz,

alegrou-me

demais.

E ao oferecer

teu beijo,

febril

percebi

que

o tempo

se abriu

para emudecer

e umedecer

teus lábios

com toda

sabedoria

do silente

modo de te querer.

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 21/06/2022
Código do texto: T7542619
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