NAUFRÁGIO

Repousa

nas profundezas

dos naufrágios,

na insônia

do leito

inquieto,

a sobriedade infame

que não quer dormir.

Teima em emergir

para a superfície,

onde o medo

boia em águas rasas.

A terra

estremece

e foge

antes do terremoto,

a palavra se cala

na covardia

de uma mudez,

da nudez

invisível

de uma carne

com pudor,

fria e

sem calor.

O beijo

que não foi roubado,

guardado na gaveta

de um recato

sem sentido.

A dúvida,

onde não

poderia haver

hesitação

A aceitação

de uma certeza

covarde.

Era para ser

pecaminosa,

libidinosa,

orgásmica,

virou cômica,

criminosa,

por não

ter coragem

de se entregar.

Já é tarde!

Dependura-se

o tempo

e suas iscas,

nos ganchos

vazios,

erradios

e revoltos.

Com ele

vem a procela

para punir

aqueles que nunca

souberam navegar,

apenas naufragaram

e se deixaram levar

no redemoinho

que da vida traga

os que não nadaram

em busca de um amor,

e de um novo (a) mar.

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 20/06/2022
Código do texto: T7541653
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