NAUFRÁGIO
Repousa
nas profundezas
dos naufrágios,
na insônia
do leito
inquieto,
a sobriedade infame
que não quer dormir.
Teima em emergir
para a superfície,
onde o medo
boia em águas rasas.
A terra
estremece
e foge
antes do terremoto,
a palavra se cala
na covardia
de uma mudez,
da nudez
invisível
de uma carne
com pudor,
fria e
sem calor.
O beijo
que não foi roubado,
guardado na gaveta
de um recato
sem sentido.
A dúvida,
onde não
poderia haver
hesitação
A aceitação
de uma certeza
covarde.
Era para ser
pecaminosa,
libidinosa,
orgásmica,
virou cômica,
criminosa,
por não
ter coragem
de se entregar.
Já é tarde!
Dependura-se
o tempo
e suas iscas,
nos ganchos
vazios,
erradios
e revoltos.
Com ele
vem a procela
para punir
aqueles que nunca
souberam navegar,
apenas naufragaram
e se deixaram levar
no redemoinho
que da vida traga
os que não nadaram
em busca de um amor,
e de um novo (a) mar.
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