VIOLAÇÃO
Que o silêncio
do teu beijo
não me despovoe.
Saturado
estou de palavras
que não dizem,
nada de tão sábio,
ou me dizem tudo
o que não preciso
saber do teu lábio.
Que teu vazio
se faça pele
e me vista tão fácil,
me dispa tão táctil,
me agasalhe
com a paz muda,
da carne desnuda
do amanhecer.
E
o orvalho
se faça
assoalho
para
eu pisar
e repisar
todos os dias
esse teu silenciar.
Em tu
aprisiono
meu grito
e te trago
e entrego
o meu rito,
no sono
sem nexo,
desse adormecer,
no sexo
insone,
do teu anoitecer.
Então, com
insepultos
orgasmos,
nos silentes
e insolentes
espasmos
do quarto
vais me soterrar,
e me violar
onde guardo
silenciosamente
o meu mais
ensurdecedor
desejo de te amar.
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