VIOLAÇÃO

Que o silêncio

do teu beijo

não me despovoe.

Saturado

estou de palavras

que não dizem,

nada de tão sábio,

ou me dizem tudo

o que não preciso

saber do teu lábio.

Que teu vazio

se faça pele

e me vista tão fácil,

me dispa tão táctil,

me agasalhe

com a paz muda,

da carne desnuda

do amanhecer.

E

o orvalho

se faça

assoalho

para

eu pisar

e repisar

todos os dias

esse teu silenciar.

Em tu

aprisiono

meu grito

e te trago

e entrego

o meu rito,

no sono

sem nexo,

desse adormecer,

no sexo

insone,

do teu anoitecer.

Então, com

insepultos

orgasmos,

nos silentes

e insolentes

espasmos

do quarto

vais me soterrar,

e me violar

onde guardo

silenciosamente

o meu mais

ensurdecedor

desejo de te amar.

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 13/06/2022
Código do texto: T7536656
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