PERFEIÇÃO

No dia, eu esfrego a pedra

e arranco a letal sujeira,

Lavo pratos pra comida limpa,

Esfrego em ânsia a roupa costumeira,

Em busca do asseio, falseio, devaneio.

Se vim da terra,

por que a terra suja?

Se me sinto inteira,

Por que resisto em pó,

Aqui tão só, sem querer o dó?

Na noite, sonho os fantasmas,

Moldo abrigos com comida e água,

Mato a vida que me fez outrora,

Apago a cor de profunda mágoa.

Renasço inteira, sozinha, verdadeira,

Acreditando que o dia passará

E me restituirá a luz,

Que engana, esconde, falsei

A realidade que me traga,

Deforma e estraga,

E que, perfeita, me conduz.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 02/06/2022
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