ORALIDADE

Há de se buscar

na tua boca,

a palavra que se perdeu

da temporalidade,

e se eternizou no beijo,

tua melhor oralidade.

Leonardo do Eirado

(Poeta e vivente nas horas vagas)

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ORALIDADE

Expresso em mim

sons dos movimentos

guardados no silêncio.

Poesia inerte,

boiando em lagos

serenos,

distantes

da superficialidade.

Mergulho em versos

meu orgulho,

naufrágio daquilo

que se foi,

se perdeu no tempo,

se afogou no intento

de ser

a sua profundidade.

Quem eu sou?

Quem é em mim

o que me assoma?

Me toma,

vem à tona,

sem espanto

um riso solto

grito rouco,

desencanto,

rito louco,

sem lástima,

uma lágrima

sem pranto.

Eu sou

a conjugação

de todos os verbos

no espaço infinito

dos vazios

dos leitos

baldios,

leitos

dos rios

que correm

para o mar

para amar

para serem

em ti

a palavra,

o desaguar

da saudade,

à espera

do regresso

da sua

oceânica

oralidade.

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 24/05/2022
Reeditado em 24/05/2022
Código do texto: T7523253
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