ORALIDADE
Há de se buscar
na tua boca,
a palavra que se perdeu
da temporalidade,
e se eternizou no beijo,
tua melhor oralidade.
Leonardo do Eirado
(Poeta e vivente nas horas vagas)
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ORALIDADE
Expresso em mim
sons dos movimentos
guardados no silêncio.
Poesia inerte,
boiando em lagos
serenos,
distantes
da superficialidade.
Mergulho em versos
meu orgulho,
naufrágio daquilo
que se foi,
se perdeu no tempo,
se afogou no intento
de ser
a sua profundidade.
Quem eu sou?
Quem é em mim
o que me assoma?
Me toma,
vem à tona,
sem espanto
um riso solto
grito rouco,
desencanto,
rito louco,
sem lástima,
uma lágrima
sem pranto.
Eu sou
a conjugação
de todos os verbos
no espaço infinito
dos vazios
dos leitos
baldios,
leitos
dos rios
que correm
para o mar
para amar
para serem
em ti
a palavra,
o desaguar
da saudade,
à espera
do regresso
da sua
oceânica
oralidade.
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