O ALBATROZ E O MAR

O ALBATROZ E O MAR

 

O albatroz nunca se cansa,

Nem o peixe para de nadar,

E assim ele nunca descansa,

Indo em busca do seu jantar.

 

Pra voar o peixe é comida,

Mas na água lagosta é lixeiro,

Pois se o ar não dá acolhida,

É porque já não há brigadeiro.

 

Na guerra nada é tão fácil,

Como um peixe fora d'água,

Onde a poesia é sem Horácio,

Ou a alcova sem mandrágora.

 

Numa selva sem os caminhos,

Nada é fácil de encontrar,

E querer mapa e pergaminho,

Só um escriba vai mostrar.

 

Mas se for mar de ressaca,

O astrolábio não vai dar,

Pois corsário só tem prata,

Se o navio não afundar.

 

Quando a onda molha o lastro,

Saberemos qual vento virá,

Mas se a fúria vir no rastro,

O destino é o fundo do mar.

 

Lá só tem sereias sem contas,

E as baleias nem vão procriar,

Porque profundeza é sem ondas,

E a escuridão tem seu lugar.

 

E por isso, prefiro os ares,

Pois na água posso me afogar,

E a terra me dista de Antares,

Mas planando eu posso sonhar.