Ninguém sabe
Ninguém soube
Com exatidão
O quanto você doeu
Ninguém soube
Como ficou o coração
Ninguém soube
O cansaço
Em quantos pedaços
Dos dias compridos
Da tristeza
Que parecia
E realmente
não ia
Mais embora
Do tamanho da incerteza
Dessa louca tristeza
Da angústia
Ninguém soube
Como é se sentir sozinho
Se perder no caminho
Dos medos que aconteceram
Dos passos pesados no caminho
De cada espinho
Ninguém soube
O quanto compreendeu
Outros tantos
Que também sofreram
E a partir do próprio sofrimento
Compreendeu cada lamento
Ninguém soube
Da coragem
Da força que foi capaz,
Apesar de tanto,
Ainda encontrou paz
Ninguém soube
Da lindeza de ver
O inverno virar flor
Transformando
Cinza em cor
Ninguém soube
Das descobertas que fiz
Como tudo o que foi vivido
Como tudo se transformou
Como foi bom sentir
Cada sorriso
Mesmo que molhado
No pranto vertido
Abrir as janelas da vida
Caminhar mais leve outra vez
E dessa vez
Na certeza
Ninguém soube
Do alívio de flagrar
No território do coração
Flores e mais flores
Espalhadas no teu chão
Ninguém soube
O tamanho da conquista
Por atravessar seus desertos,
Vencer seus desertos,
Transformar seus casulos,
Retirar a dor do peito
E se trazer até aqui