CORPO DE MULHER
Vês,
eras apenas
uma criança,
de corpinho frágil,
olhinhos de jabuticaba.
Brincavas
de sonhar
com verbos
floridos,
na boca
infantil
exalava
o ingênuo
perfume
de um tempo
que
não precisava passar.
Mas o tempo,
teimoso,
passou,
corrompeu
sua inocência,
nos tornou culpados.
Teus olhos
agora são florestas
de frutos probidos.
Tua boca
conjuga
outros verbos
não tão castos,
e o que exala de ti
nos embriaga,
nos apropria
nas horas impróprias.
Hoje,
porém,
continuas
a brincar
mas
com os nossos sonhos,
por trás do teu vestido,
dos desejos despidos
do teu corpo
de mulher.
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