PAUSA
E se fez uma pausa.
Nunca foi tão premente
ouvir a respiração do vento,
o ensurdecedor ruído
de uma folha órfã,
a beijar
a superfície da queda,
a maviosa mudez dos pássaros,
a escutarem o canto
tépido
da tarde agonizante.
A noite precipitava-se
em neófitas estrelas,
acobertando-se de uma escuridão
cúmplice
dos seus vazios.
Sentia o arfar das horas,
no esforço de entender
a urgência
das ausências.
O homem estendeu
o seu tapete de esperas,
os passos
inertes solicitavam
abrigo.
Nada mais se fez
tão presente
do que a paralisia
dos relógios,
parasitismo
dos ócios.
Necessária se fazia
aquela pausa,
ainda que não soubesse
a razão.
Era tudo o que lhe
restava
para poder renascer.
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