SOMBRAS DO QUE FOMOS NÓS
Tua silhueta vem
habitar-me
a meia-luz
da saudade,
à meia noite
e um quarto
destituído
do teu corpo.
Te aninhas,
vagarosa,
sob os lençóis,
tua sombra
vaporosa,
um dia
fomos nós,
hoje,
esgueira-se,
pavorosa,
em outros
sóis.
Tua penumbra
denuncia a opacidade
da ausência,
A presença
foi entregue
à escuridão
do esquecimento.
Não te vejo
senão um vulto
que partiu,
no escuro
um coração
obscuro,
entrevado,
na cegueira
dos olhos
mutilados
pelo
abandono.
Tua silhueta
veio habitar-me
das almas, no porão
e nem sequer
foi inquilina
da minha
incorrigível ilusão.
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