DO TEMPO AO VENTO
DO TEMPO AO VENTO
Os dias pra mim não têm nome,
Como o tempo não é de horas,
Mas na distância eu me contento,
Por ser parte de cada história.
Não subo na rocha por tipo,
Mas porque preciso do alto,
Nem cunho algum monolito,
Para o tótem servir de palco.
Somente eu devo estar esperto,
Porque ser bicho é para louvar,
Se não devora quem está perto,
Pois o feitiço é após o jantar.
Eu ando à pé com minha bengala,
Se o vento do leste não me ignora,
Mas isso era depois que a senzala,
Foi o intento de quem nos devora.
Em cada esmola ofertada,
Há intensões muito escusas,
Pois desdém é uma cilada,
De quem seja como Medusa.
E eu fico no silêncio do tempo,
Enquanto não choro minha dor,
Escutando o tambor ao vento,
Que ecoa o raio de um trovador.
Sou assim e serei de mistérios,
Tudo enquanto revelo meu nada,
E a cortina do meu monastério,
Não demonstre o que me cala.