Uma vez mais
Na inquietude de minha alma
Lanço-me na incerteza
Como se agora tivesse em minha palma
A loucura comedida na certeza
Crédula me arrisco
Rasgo as palavras
Esqueço do perigo
E nascem as larvas
Sinto apodrecer
A segurança que eu tinha
E aos poucos sinto morrer
A vida que era minha
Intrépido sentimento
Que outra vez
Jogou-me ao tormento
E com vil palavras o fez
O lume que me impedigna
Outra vez
Uma vez mais
Tomá-me os sentidos
Ofegar me faz
E assim rasgada a face minha
Nas lágrimas ácidas de desamor
Na face ponho a palma
Tentativa de aliviar a dor
Ou em outras
Mera ocultação
Do que aos outros
Reflete que não é são
E por outra vez
Uma vez mais
Deito-te palavras
E banho-me no silêncio
Para que findes teu derramar
E as culpas não possa me incultar
Fecho os olhos
Me transporto
Me liberto desse lugar
Por mero instante
Mas suficiente
Para me libertar
Livre vôo
Saio de onde estou
Crio um mundo novo
Nas asas do pensamento
Que tudo lindo criou
Desenhado com o sentimento
Imaginado nesse amor
E assim
Uma outra vez
Não o que você fez
Mas o que existe em mim
O que era frio
Aquece
O que morria
Recupera-se
O que rasgou
Cicatriza-se
O que a lágrima inundou
O sorriso seca
Porque sendo amor
Não se curva
Não se contesta
Segue amando
E amando se entrega
Outra vez
Uma vez mais