FASCISMO OU FISSÃO

FASCISMO OU FISSÃO

Nesses dias de pranto,

Onde tudo é ódio ou ter,

Eu ainda quero o canto,

Da coruja e o seu saber.

Ela tem o dom e vivência,

Com as noites e o luar,

Onde vê a nossa demência,

Quando tudo é para matar.

Mas ainda há pirilampos,

A dizer que a fé é amar,

Como os lírios nos campos,

Demonstram a vida sem par.

Mas se explodem a bomba,

E for nela a fissão nuclear,

Temo o fim que nos assombra,

Sem o céu de estrelas no ar.

Será tudo coberta e fumaça,

Sem poder até respirar,

Será ruína de tudo na praça,

E morrer sem festa no bar.

De que vale ter queijo e vinho,

Se eu morro antes do jantar,

Ou ter realejo e um carinho,

Sobre a lápide longe do mar.

Se não posso molhar os pés,

Caminhando na areia do mar,

De que vale o odor das marés,

Ante o fogo de tudo a queimar.

Só assim, acordo tremendo,

Pois não sei se é realidade,

No sonho de estar morrendo,

Ou perdendo a felicidade.

Meu nojo é termos fascismo,

Em um mundo tão fácil de ter,

Onde não quero ver egoísmo,

Só partilha do que há de ser.