ILUSÕES
Formei-me pela imposição da vida em gerente de negociações
Tentando remediar ilusões que sobem ao meu conceito
Em vão me faço apaziguador de assuntos que dizem respeito
Aos dissabores da vida e que perfazem ao menos
Uma penosa ferida aberta nua e crua no peito
Na perspectiva inerente de ver quimeras extraordinariamente realidade.
Em sete anos servi a muitos ilustres clientes, sendo a Tormenta
A maior delas que me fez acreditar uma vez que poderia convalescê-la
E os devaneios esses quase me fizeram morrer atropelado por um bonde
Num dia de chuva em que me dirigia ao trabalho no Departamento.
Mas a inveja Ah! essa sim quase me levou ao abismo das trevas em que
me lançaria não fosse a figura proposital da empáfia e satisfação
Dos que me fitam por cima da superioridade dos semblantes engomados.
Se os invejo faço-lhes um favor que é para isso que se esforçam.
E quem mais me sonega o sono e me faz almejar o descanso
Em longas férias devidas de esquecimento e repouso
É a plenitude infinita da prevaricação encontrada na aptidão da pobreza
Que fustiga imberbe a criação de momentos de grandeza .
E assim faço da vida uma troca de lá para cá e de cá para lá
Que a vida é isso, um meneio, um equilíbrio de aparências conduzidas
Estabeleço mentiras para mim mesmo que se seguidas a rigor
Me sustentarão ainda por uns bons anos diante do espelho.