MEIAS METADES

... Porque metade de mim é partida,

mas a outra metade é saudade....

Fragmento de "Metade",

de Oswaldo Montenegro.

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MEIAS METADES

De todas as metades,

fica

com as que mais me devoram.

As noites

repartidas pela solidão,

a angústia do vazio

do quarto

tomado de ausências.

A espera prolongada

pelas ilusões

que fazem do amanhã, sem fim,

o esconderijo do abandono.

A incerteza se deitando

em meu colo,

contando-me estórias

de possíveis regressos.

Só quer me viciar,

tornar-me refém dos seus caprichos.

Sou prisioneiro

do que não soube ser,

carcereiro dos sonhos devotados ao deus

de um único adeus.

De todas as metades,

fiquei apenas

com a saudade,

as outras,

de tanto me consumirem,

se consumaram

na sua despedida.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 23/02/2022
Reeditado em 23/02/2022
Código do texto: T7459109
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