MEIAS METADES
... Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade....
Fragmento de "Metade",
de Oswaldo Montenegro.
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MEIAS METADES
De todas as metades,
fica
com as que mais me devoram.
As noites
repartidas pela solidão,
a angústia do vazio
do quarto
tomado de ausências.
A espera prolongada
pelas ilusões
que fazem do amanhã, sem fim,
o esconderijo do abandono.
A incerteza se deitando
em meu colo,
contando-me estórias
de possíveis regressos.
Só quer me viciar,
tornar-me refém dos seus caprichos.
Sou prisioneiro
do que não soube ser,
carcereiro dos sonhos devotados ao deus
de um único adeus.
De todas as metades,
fiquei apenas
com a saudade,
as outras,
de tanto me consumirem,
se consumaram
na sua despedida.