VÉUS DA NOITE
Há no escuro
dos céus
dois véus,
um que encobre o olhar,
outro que revela o sonhar.
Um
me amordaça
na tez negra
duma solidão,
outro me enlaça
no brilho
da constelação.
Ambos se rasgam
e se remendam,
sangue e veia,
correm
na mesma matéria,
escoam
por uma única artéria.
Se alimentam
mutuamente,
na autofagia
do viver,
e do morrer
no sangramento,
do firmamento
de toda gente.
A lua, às vezes,
embuçada,
oferta os olhos
das estrelas,
Na noite
que se faz
embassada
as estrela
são os olhos
em falsete.
O véu
que vai,
o céu
que cai
tão de repente
O véu
que vem,
o céu
que tem
a estrela cadente.
Um dia roubarei
o anteparo
desses olhos,
e ao fitar
essa nudez,
saberei
quem terá desnudado
quem,
o que se esconde
atrás de cada olhar
de cada novo anoitecer.