Retrato Desbotado
O que se perde, se acha no dobrar do estalo.
Bato o martelo e com um assóbio chamo o cavalo.
Alazão que me leva no alto do pico descampado.
Embrenho-me nos matos pra ver se me encontro,
Saio da Neblina quase um ser alado.
As mãos calejadas de plantar café e saudades,
Se perde e se acha no sul das grandes maldades,
Vou pelos dias, pelas tardes a mastigar as horas,
Entre cafezais a moer pensamentos de outrora.
Quando a noite chega o corpo em frangalhos,
Resta ir pra cama recordar o meu passado, pois
No criado mudo vejo o teu retrato desbotado.