PEQUENO PRÍNCIPE
Delicado, doce e terno Príncipe
Menino dos cabelos louros cacheados
Frágil em estatura e notável na essência
Que governava o seu planeta diligente
E nada até então abalara os seus dias.
E foi pego, sim, foi pego de surpresa
Por um amor que não soube suportar
E que exigiu de você mais do que os cuidados
Que pediam seus pequenos vulcões
E raízes que ameaçavam crescerem baobás.
Pegou carona na calda das estrelas
E encontrou um afortunado rei
Com mais pores de sol em seu planeta
Do que um dia você poderia imaginar.
Encontrou a ganância descabida e a louca vaidade
E a diligência do homem que vive do dever cumprido.
Encontrou o subterfúgio dos que bebem
para esquecerem a vergonha de beber
E o geógrafo que anota o mundo em seus livros
Sem nunca sequer ter viajado
Porque é importante demais para passear.
E aqui nessa tortuosa e desditosa Terra
Alguém se interessou por você, meu pequeno
Alguém que também queria um amigo
E que te deu a receita da felicidade
"Cativa-me!" disse a raposa "e serás para mim único no mundo".
E descobriu que as outras rosas também
São tão rosas quanto a sua,
Mas que o tempo que você dedicou a ela
Foi que a tornou especial
E que o essencial é invisível aos olhos.
Teu amigo, o aviador nunca há de te esquecer
Porque chegou para ele como um surgimento
Surpreendente em meio ao deserto
E de tuas pequenas divagações
Ele teve a compreensão da tua desventura.
E te desenhou um carneiro
Não que ele estivesse ocioso, você sabe
Porque ele era um homem importante,
Mas agora ele compreendia a tua preocupação
E sabia que alguém deveria ser protegido.
Protegido da banalidade da vida
Da reprodução do ordinário, e da solidão,
e das grandes feras, e da extinção das flores
E da seca resposta do eco sem vida
E da saudade que carregam os viajantes.
Ele te compreendeu e te carregou no colo
E te levou para longe da serpente venenosa.
E te velou em seu profundo sono inelutável
E nunca deixou de lembrar um só dia
a beleza no coração que você portava.