DIVINDADE

Não conheço mais

as tuas fronteiras,

do tempo que tu me chamavas

para pular os abismos.

Tuas bordas agora estão amorfas,

não as alcanço mais

no limiar de finitos olhos.

Desconheço

teus contornos,

e os entornos:

se tornaram

incontornáveis

tormentos

quando me sopraste

teus furacões

em minhas

desprotegidas lembranças.

Pensei que eras apenas uma Deusa,

mas te elevaste acima do Olimpo

dos deuses–comuns.

Agora tento ver–te nos

escuros da minha ignorância.

Buscando saber

nesse labirinto

do tempo e espaço

quando te perdi,

onde tu te encondeste.

Será tarde?

Já é tarde!

A noite

se anuncia

em névoas,

e nuvens

precipitam

as chuvas

do partir.

Talvez venha

a ter–me

nas nadrugadas,

e em algum sonho

mais vigilante,

ter-te,

depois que

o esquecimento

for dormir.

Aí, quem sabe,

na sabedoria

de oníricas horas

possa finalmente

te reconhecer.

E eu que, ingenuamente,

acreditei

que os teus limites

iam apenas até o infinito.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 11/02/2022
Código do texto: T7450148
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