DIVINDADE
Não conheço mais
as tuas fronteiras,
do tempo que tu me chamavas
para pular os abismos.
Tuas bordas agora estão amorfas,
não as alcanço mais
no limiar de finitos olhos.
Desconheço
teus contornos,
e os entornos:
se tornaram
incontornáveis
tormentos
quando me sopraste
teus furacões
em minhas
desprotegidas lembranças.
Pensei que eras apenas uma Deusa,
mas te elevaste acima do Olimpo
dos deuses–comuns.
Agora tento ver–te nos
escuros da minha ignorância.
Buscando saber
nesse labirinto
do tempo e espaço
quando te perdi,
onde tu te encondeste.
Será tarde?
Já é tarde!
A noite
se anuncia
em névoas,
e nuvens
precipitam
as chuvas
do partir.
Talvez venha
a ter–me
nas nadrugadas,
e em algum sonho
mais vigilante,
ter-te,
depois que
o esquecimento
for dormir.
Aí, quem sabe,
na sabedoria
de oníricas horas
possa finalmente
te reconhecer.
E eu que, ingenuamente,
acreditei
que os teus limites
iam apenas até o infinito.