PEITO FERIDO

PEITO FERIDO

 

Até quando os olhos marejam,

É preciso ir além do que vejo,

Sem tato e odor do que sejam,

Invisíveis durante o cortejo.

 

Mesmo que estejamos no mar,

É preciso entender o seu jeito,

E o porque temos que navegar,

Quando a água já está no peito.

 

E o barco pode até afundar,

Na baía ou no mar sem marola,

Se a chuva quiser arrastar,

Com o vento levando embora.

 

São lágrimas ante a tormenta,

Porque pescador quer pescar,

E a dor, que na fome aumenta,

Não permite seus filhos ninar.

 

Na tristeza não sou esperança,

Desde que é sofrido meu dia,

Se não vejo a ponta da lança,

E já morro em minha agonia.

 

Tenho o peito ferido de morte,

E as escaras de quando sofria,

Mas um corpo putrefo é sorte,

Pois a dor finda nessa alforria.