VOLTAS DO MUNDO

VOLTAS DO MUNDO

 

O mundo dá voltas no estilo,

E alterna a paz com a guerra,

Mas isso não nos tira o brilho,

Pois somos os frutos da terra.

 

Por ela nós temos desertos,

No intenso calor das areias,

Mas temos de tão manifesto,

O frio que à noite campeia.

 

Nessa inconstante amplitude,

Quem mora é sequela de dor,

Que rasga a miragem que ilude,

Nas dunas além do equador.

 

E mesmo assim segue o frio,

Nas noites de quem tem pudor,

Pois cobrem meu nu calafrio,

Nos rios sem água ou calor.

 

Brigamos por água e terra,

Já disse quem viveu Babel,

E penso que a fé fez da guerra,

O sangue que mancha o papel.

 

Em nome de Deus há o engano,

Quando somos acerto e defeito,

Mas não fiquem passando pano,

Na loucura de quem for eleito.

 

Hoje eu sei da ganância inata,

Dos que se acham tão nobres,

Pois querem a força que mata,

Porém são os meros pobres.

 

E são a pobreza de espírito,

Porque ter riqueza é amar,

Mas isso não vai ser escrito,

Se fundo é o abismo do mar.