INSUFICIÊNCIA
Começara a escorrer.
Não suportou o peso das lágrimas das minhas dores.
Incontáveis,
intocáveis os sonhos
que depositei na sua
superfície intangível.
Meus olhares famintos,
meu coração ávido
pelas suas células,
pelo seu mel.
As crateras não eram tão profundas como supunha:
mal cabiam algumas doses
de antigas desilusões
e de novas ilusões.
Eu que pensava que ela sabia guardar segredos de amor!
Vou ter que
providenciar outro oráculo,
nas profundezas, talvez;
nas duas: a interna, seca de luz; a externa, encharcada de escuridão,
outra confidente mais confiável e menos finita:
esta já não basta,
como não me basta
viver daquilo
que um dia
eu guardei só para mim.