Paixão Sem Medidas

 

Dopei-me de esperança, de verdade

E olhei para o alto a pedir clemência.

Dopei-me de vontade e indecência

E saí quase nua pelas ruas da cidade.

 

O dia nasceu cru em meu desvaneio.

Devorei o azul e bebi a tarde inteira.

Em tons selvagens a noite assim veio

Na fria cama, insônia e dor certeira.

 

Na angústia da eterna espera incerta

Prazer insólito do êxtase naufragado,

Rola a madrugada com sonho regado

A esperar que o novo dia gere certeza.