CONSOLOS
Às vezes,
sentava-me à janela aberta
da minha casa
para contemplar o sol.
Não tardava,
ele se anunciava
em passos tímidos,
conquista vagarosa
do seu espaço
na pachorra da manhã,
ainda sonolenta.
Ao passar pela soleira,
ganhava os contornos
do meu rosto,
acariciava minha pele,
no calor dos seus abraços.
Ele me ensinou as urgências
de viver o tempo,
livre como ar,
ao ar livre,
liberto de todas as nuvens,
e das suas nublações.
Minha tez ansiava pela sua presença,
e mesmo nos dias
que o céu chorava,
e suas lágrimas chuvosas
escorriam pela minha face,
eu sabia que estava lá,
no aguardo paciente da sua vez,
com os afagos,
com os consolos
que só seus raios sabiam oferecer.