EM BUSCA DAS POLICROMIAS DA FELICIDADE

(Para Cláudia Rosane)

Faltava-me algo:

um tom que se ocultara

no fundo da aquarela,

entre os matizes dos cinzas da lágrima reticente, das cinzas

dos dias queimados pelas tristeza da gente;

no meio do preto dos inevitáveis lutos e dos evitáveis, quando aqueles anunciavam o desbotar dos seus negrores;

no bojo da violeta da violenta ausência que se presenciava no silêncio, quando a presença, submissa, se ausentava no vazio da voz;

dentro do amarelo da dor mais que dolorosa, sepultada na cova do arrependimento tardio, tão só, já sem o amarelado daqueles sóis;

submerso no branco do esquecimento mais perverso: do verso pervertido, por não ter sido lido, nem sequer convertido;

embaixo do medo de experimentar novas cores.

Faltava-me, decerto, uma pincelada do seu sorriso, e com ele todo o colorido que a só a sua a alegria sabia pintar.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 05/01/2022
Reeditado em 05/01/2022
Código do texto: T7422664
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