EM BUSCA DAS POLICROMIAS DA FELICIDADE
(Para Cláudia Rosane)
Faltava-me algo:
um tom que se ocultara
no fundo da aquarela,
entre os matizes dos cinzas da lágrima reticente, das cinzas
dos dias queimados pelas tristeza da gente;
no meio do preto dos inevitáveis lutos e dos evitáveis, quando aqueles anunciavam o desbotar dos seus negrores;
no bojo da violeta da violenta ausência que se presenciava no silêncio, quando a presença, submissa, se ausentava no vazio da voz;
dentro do amarelo da dor mais que dolorosa, sepultada na cova do arrependimento tardio, tão só, já sem o amarelado daqueles sóis;
submerso no branco do esquecimento mais perverso: do verso pervertido, por não ter sido lido, nem sequer convertido;
embaixo do medo de experimentar novas cores.
Faltava-me, decerto, uma pincelada do seu sorriso, e com ele todo o colorido que a só a sua a alegria sabia pintar.