Minas Gerais
Por trás das nobres colinas de Ouro Preto
para além dos singelos montes de vila rica
se esconde a áurea luta em traço estreito
entre ruas e casinhas que a paisagem risca
Se inscreve no horizonte a epopeia heróica
da conjuração altaneira, tantos inconfidentes
escreveram algemados sua própria história
na madeira do esforço, o grito de Tiradentes
Nada é breve, distante é a independência
em tom de revolta até cantam os anjinhos
das capelas setecentistas da providência
divina tal qual as esculturas de Aleijadinho
Há na forca o duro sofrimento oculto
e pela força, o pelourinho arde vivo
diante dos que não prestaram culto
que se deve à coroa e ao santo altivo
Grutas imanentes que exalam pranto
árido e vermelho, férreo feito sangue
dilacerando em som escuro, o canto
no antigo segredo do escravo exangue
Campos que anunciam charnecas vastas
regados pela abundância da seiva animal
estendidos por celeiros de casas esparsas
à beira dos paralelepípedos na estrada real
Varandas e janelas de sonhos dourados
que se abrem para as barrocas catedrais
Fascinando recantos sinuosos e abrigados
nos preciosos encantos das Minas Gerais