DAS PROFANAS CASTIDADES
Ah, essas mulheres castas
de olhares depravados!
Nos devassam a alma,
desnudam nossos segredos,
seduzem os desejos que tentamos ocultar,
em vão,
para as horas do seu desaviso.
Mas como são sagazes,
elas se camuflam
de uma inocência maliciosa,
e se divertem com nossa soberba,
para nos relegar
a uma frustração
fálica,
flácida,
fática ...
tácita.
Tolos somos nós!
ao desconhecermos suas intenções,
seus sagrados e segregados rituais!
Ensina-nos
a ser sua oferenda de todos os momentos,
as vestes e os vestais
do pecado
que quiserem ter
no oráculo
de seus prazeres recatados.
Já é tarde,
e entardecidas são
as masculinas ilusões,
o frágil orgulho,
ou a incômoda ingenuidade,
que não se deixam anoitecer
no leito
preparado sutilmente
no altar do nosso sacrifício,
nas manifestações profanas
dos seus felinos
e tão femininos amores.