ALÉM DO CADERNO
ALÉM DO CADERNO
Eu temo que um dia aconteça,
De haver descendente estéril,
Ou quando na noite pereça,
Meu sonho além do caderno.
Não quero mel só na terça,
Por isso me vejo tão velho,
Mas ver antes que aconteça,
É a sina de ser escaravelho.
Desde os faraós ou Minerva,
Que vejo cada julgamento,
Bem cedo num ato da peça,
Ou à noite sob o firmamento.
E assim aprecio as estrelas,
Pedindo a Deus sua benção,
Depois de vagar nas veredas,
Do jeito que leva o vento.
São desses umbigos de pais,
Que largo meu sangue no mundo,
Por três corações generais,
Em um sedimento profundo.
Simulo assim meus sinais,
Os quais vão deitar no eterno,
Conciso das veias mortais,
Que sangram além do caderno.
Pois terno será meu descanso,
Depois de sofrer minha sina,
Se as águas de paz e remanso,
Guardar minha fé com estima.